Avaliação
O caos estaria instalado
Pronto-Socorro de Pelotas completa dez anos da ampliação da área física
Gabriel Huth -
Passados dez anos da ampliação da área física do Pronto-Socorro de Pelotas (PSP), a avaliação da gestão é de que muitas conquistas foram alcançadas em termos de espaço, estratégia, equipamentos e recursos humanos. O entendimento é de que se a reforma não tivesse sido feita, o caos estaria instalado. O fato de a população estar vivendo mais e por consequência ficando mais doente, aumenta a demanda, da mesma forma com que o número de pacientes de fora é cada vez maior devido à crise instalada nos hospitais da região.
Levantamento feito pela direção do PSP dá conta de que 65% da demanda diária é de pacientes que preferem esperar o atendimento no local para ter seu problema resolvido, pois haverá exames e atendimento de especialista, do que ir para outro lugar. "As pessoas que reclamam da demora não deveriam estar aqui. A emergência entra direto", frisa a diretora técnica, médica Rosana van der Laan. Ela refuta as críticas de quem julga esperar muito para ser atendido ou de quem tem ou já teve um parente em maca no corredor. "Ninguém está no chão ou sem atendimento", afirma.
Sobre o Pronto-Socorro estar geralmente lotado, ela destaca que são atendidos em Pelotas, que é referência em urgência e emergência, pacientes de toda a região e que o número cresceu ultimamente, mais até do que a capacidade de atendimento, em decorrência do fechamento ou suspensão de muitos serviços nos hospitais de suas cidades, que são instituições de pequeno porte, bastante afetadas por problemas conjunturais. "Não temos capacidade de atender, por isso superlota e ficam pacientes nos corredores. O que parecia ser bom há dez anos, agora ficou limitado de novo", explica. Mesmo assim, salienta que uma média considerável passou a ser atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Demanda
Com a classificação de risco, observa a médica, verifica-se que 60% da demanda poderia ser atendida nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Sobre o total de fichas distribuídas ser aquém do necessário nos postos, disse que muitos responderam que não recorrem às UBSs nem à UPA. Preferem ir direto para o Pronto-Socorro, o que é cultural em Pelotas.
Por ser referência em urgência e emergência, todos os pacientes que o Samu atende também são levados para o PSP, que disponibiliza especialistas em plantão ou na retaguarda. "É tudo aqui. O primeiro atendimento é nosso, por isso tem que estar bem estruturado. Mas precisamos que a população se conscientize e venha aqui só em caso de urgência e emergência", fala.
Segundo o enfermeiro Alberto Brum, responsável técnico do PSP, com o espaço físico aumentado e o recurso tecnológico melhorou muito estruturalmente o trabalho diário. Há toda uma equipe de apoio, com enfermeiros, técnicos e assistente social. O próximo passo é a revitalização das instalações, com pintura geral e melhora no piso. De acordo com Rosana, a utilização diária limita esse trabalho, que será feito por etapas, dividido em áreas, para dessa forma não interferir no atendimento.
O aposentado José Carlos Mathias, 54, há cinco anos esteve internado no PSP e a impressão sobre o atendimento da equipe técnica diz ser a melhor possível: "Lá dentro eles são uns heróis", disse. A dona de casa Marli Ávila, 50, critica o fato dos acompanhantes não terem cadeira para sentar, sobretudo quando ficam a noite toda. Acha que isso teria der ser resolvido.
O que foi feito nos últimos dez anos
Segundo levantamento feito pelo PSP, nos últimos dez anos, desde a inauguração da ampliação do espaço físico do PSP houve várias conquistas. Confira:
- Criação da gestão tripartite entre prefeitura/UFPel e UCPel - Participação das universidades no processo de gestão do serviço
- Ampliação da área física - Criação de salas de raios X, ultrassonografia, refeitório, administrativas, consultórios da Pediatria, sala de estabilização pediátrica e salão de observação pediátrica, farmácia e depósito de farmácia
- Ampliação do financiamento do PSP
- Aquisição de equipamentos médico-hospitalares: desfibriladores com marca-passo externo transcutâneo, monitores multiparamétricos, ventiladores volumétricos e para transporte, oxímetros de pulso, aparelho de ultrassonografia, eletrocardiógrafos e berço aquecido, além de equipamento de fototerapia
- Aquisição de mobiliário novo, como armários, cadeiras, escrivaninhas, balcões, macas com guarda lateral e rodízio, camas, cadeiras de rodas, carrinhos para medicação, armários para pertences dos funcionários, computadores e impressoras para os consultórios médicos, sala de prescrição médica, recepção, setor administrativo, sala de suturas e curativos, sala de coleta de exames e sala de emergência
- Implementação do Processo de Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco para pacientes adultos e pediátricos, empregando como referência o modelo proposto pelo Ministério da Saúde, com utilização de equipe multiprofissional
- Aumento do quantitativo nas equipes de enfermagem e médica e criação do adicional de urgência e emergência para os funcionários
- Inserção do Serviço Social, criação do serviço de controle de infecção hospitalar e da farmácia satélite
- Treinamentos/atualizações e simulados realizados em conjunto com o Samu e a Ecosul
- Regulação dos leitos SUS - realizada pela Central de Leitos - e criação do vigileitos, climatização da unidade e troca da ambulância
- Digitalização de RX e tomografias
- Criação de indicadores de assistência (quedas, flebites, tempo de permanência, classificação de risco etc), informatização parcial do serviço, permitindo prescrições médicas/de enfermagem/solicitação de exames/consultas de exames laboratoriais e de imagem
- Inserção e participação do PSP na rede de assistência psiquiátrica do município
- Criação de protocolos para fluxo de acesso dos pacientes de especialidades como cirurgia vascular e buco-maxilo-facial
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